quinta-feira, 20 de março de 2008

Capitalismo X Democracia?

EUA e América Latina perdem guerra contra drogas, diz relatório

WASHINGTON - Os Estados Unidos e os países da América Latina estão perdendo a batalha contra o narcotráfico, já que o comércio de entorpecentes está se disseminando por todo o continente, revelou um relatório divulgado na quinta-feira.

Segundo estudo do centro de investigação International Crisis Group (ICG), com base em Washington, as políticas para a redução da produção de drogas ilícitas não atingiram o resultado esperado nos últimos anos.

"As políticas atuais fracassaram e não há uma redução na quantidade de cocaína que chega aos mercados dos Estados Unidos e da Europa", disse Mark Schneider, vice-presidente do ICG, durante um evento no Diálogo Interamericano.

O estudo mostrou que não só a produção de coca na Bolívia, Colômbia e Peru continuou estável "em alto nível" entre 2004 e 2006, como chegou a um nível recorde em 2007.

Além disso, ele afirmou que as organizações narcotraficantes e as redes de distribuição "varejistas" nos países ricos não têm sido controladas, e essas quadrilhas estão buscando novas rotas em países como Venezuela e Haiti para chegar ao mercado consumidor.

Pior ainda, apontou Schneider, também cresceu o consumo de cocaína em toda a América Latina. O aumento foi percebido principalmente no Brasil, o terceiro mercado consumidor de drogas ilícitas, depois dos Estados Unidos e da Europa. Mas o consumo também cresceu na Argentina, no Chile e no México, indicou o relatório.

A recente crise regional, causada pelo ataque colombiano às Farc no Equador, é um sinal de que o tema do narcotráfico em regiões fronteiriças tende a complicar-se ainda mais, considerando as relações do grupo com a produção de coca.

"A recente disputa entre Colômbia, Venezuela e Equador, que aparentemente foi resolvida com diplomacia, deve complicar a cooperação fronteiriça", afirmou o documento.

Desde 2000, os Estados Unidos já gastaram mais de 5 bilhões de dólares com o "Plano Colômbia", criado para ajudar o país a conter o narcotráfico e a guerrilha.

De acordo com o relatório, o plano ajudou a diminuir a violência na Colômbia, onde são produzidos cerca de 90 por cento da coca da região, mas não conseguiu reduzir a produção de cocaína. Mas cortar a produção não basta para resolver o problema.

"Estados Unidos e Europa têm de se esforçar mais para reduzir a sua demanda", disse o analista. "Enxergar os usuários de cocaína como um problema criminal é um erro.

Temos de encará-los como pessoas com problemas de saúde crônicos. É preciso buscar uma perspectiva de saúde pública", acrescentou.

ADRIANA GARCIA - REUTERS

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