segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Por Arnaldo Jabor

Casar-se de novo


Meus Amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30anos com a mesma mulher.

As mulheres sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegueficar casada comigo.

Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer osegredo para manter um casamento por tanto tempo. Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário.
Não sou um especialista do ramo, como todos sabem,mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue:Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar.
Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade. Eu, na realidade já estou emmeu terceiro casamento - a única diferença é que casei três vezes com amesma mulher.Minha esposa, se não me engano está em seu quinto, porque ela pensou em pegar as malas mais vezes que eu.
O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveisarranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesmamulher.O segredo no fundo é renovar o casamento e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal.

De tempos em tempos, é preciso renovar a relação. De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tentaconquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente empotencial? Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção?Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois docasamento. Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, porque vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo.

Se fosse um casamento novo, vocêcertamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria decasa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo a maquiagem.

Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seucônjuge.Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido portrinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata emofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração.

Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova
casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos.Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso.


Basta mudar delugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenoscustos necessários para renovar um casamento.

Mas se você se separar sua nova esposa vai querer novos filhos, novosmóveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.Não existe essa tal "estabilidade do casamento" nem ela deveria ser almejadaO mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seusamigos.

A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma relação estável", mas saber mudar junto.Todo cônjuge precisa evoluir estudar, aprimorar-se, interessasse por coisasque jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz issoconstantemente no trabalho, porque não fazer na própria família? È o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vezde sair por aí tentando descobrir um novo interessante par.Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidosapesar das desavenças.Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando énecessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Um comentário:

Anônimo disse...

Este texto é ótimo, mas vamos dar os créditos corretos: foi escrito por Stephen Kanitz e publicado pela revista Veja, edição 1922, ano 38, nº 37, 14 de setembro de 2005, página 24, sob o título "O Segredo do Casamento".